Ultimamente, a polícia federal se acostumou a aparecer na TV com resoluções de casos envolvendo pessoas gabaritadas (mesmos que não passassem mais de uma semana presos). Ficava evidente que o esquema de corrupção tinha sido exterminado. Dinheiro em espécie e centenas de carros importados apreendidos viraram rotina na nossa PF.
O caso citado narra a “operação furacão”, em que a polícia federal, no dia 13 de abril, prendeu 25 pessoas entre juízes, delegados e bicheiros, sob acusação de participarem de uma extensa rede de corrupção para negociar liminares favoráveis à exploração do jogo ilegal. Tudo isso amplamente divulgado pela mídia nacional.
A autonomia, competência e seriedade demonstradas pelos policiais federais mereceram elogios por parte da população. No entanto, acredito que os delegados de policia federal “pegaram pressão” e não perceberam que estavam entrando rápido demais em um mar tomado por tubarões.
A sua última grande investigação resultou na “operação navalha”, que hoje parece mais uma novela. Tinha o objetivo de desmantelar uma quadrilha que fraudava licitações públicas para a realização de obras. Políticos, engenheiros e até um funcionário da Caixa estariam envolvidos. A empresa Gautama exerce um papel de expressão na novela, pois o ministro de minas e energia, Silas Rondeau, pediu demissão do cargo ao ser envolvido, por suposto recebimento de 100 mil da Gautama.
Outra pessoa de nome da política envolvida foi o presidente do senado Renan Calheiros, acusado de envolvimento com o lobista Cláudio Gontijo, encarregado de pagar a pensão de uma filha que o presidente do senado teve com a jornalista Mônica Veloso.
Estranhamente, diferente de outras operações da policia, a operação navalha está tendo muita repercussão. Isso por que a ofensiva da policia federal atingiu vários políticos de partidos da coalizão montada por Lula. Que imediatamente correram atrás do presidente, e durante reunião, no palácio do planalto, disse que vai mandar investigar se houve “excessos” por parte da Polícia.
Já o ministro Tarso Genro disse: “a exigência de excesso não desqualifica a instituição nem a operação”. No entanto nenhum acusado na investigação que teve mandato temporário de prisão habita ainda as celas. Gozam da liberdade e do poder de ter conhecimento ou ser do meio político.
Tudo isso só deixa transparecer que a autonomia da Policia Federal termina no momento em que as operações começam a entrar no ambiente político, e só faz aumentar a idéia de que os políticos brasileiros estão acima da lei, e que nem a policia federal pode com eles. É triste perceber que essa idéia coronelista ainda existe de forma bastante presente em sistemas vitais para a democracia. ▪
Bruno Diniz R. Barros.